COMEÇOU!

A partir desta data todas as crônicas do livro serão publicadas.
Depois de assinado o contrato com a recomendação de "aguardar instruções" do Hélio, seguiu-se um longo silêncio de cerca de 2 meses, rompido apenas por minhas tentativas de obter informações sobre o andamento da carruagem. Tentei encontrar um site da editora na Internet, não achei. Perguntei o e-mail da editora para a Dona Carminha, secretária do Hélio, mas ela desconhecia ("deve ter mas eu não sei qual é"). Fui obrigado a enviar o arquivo com o documento Word num disquete, devidamente protegido, cuidadosamente envelopado e entregue pelo correio. O mais assustador é que chegou sem defeitos.


Durante o prolongado silêncio, liguei algumas vezes para a editora e ouvi, meio desesperado, a mensagem da telefônica: "telefone temporariamente fora do ar". Confesso que achei que havia sido alvo de um golpe, que minha imagem seria exibida no Fantástico, vítima de uma quadrilha especializada em se aproveitar da boa fé de escritores amadores ansiosos. Felizmente, encontrei no verso do cartão do Hélio um telefone "direto" que ainda estava funcionando. Fui popado do "mico" no show da vida.

Não sei se pela qualidade do meu livro ou pelo fato de o meu cheque ter fundos, mas a obra foi aprovada. O Hélio me ligou marcando uma reunião no dia 05 de Dezembro de 2001, às 8h00 da manhã, para me apresentar o contrato e os termos da publicação.


Resumidamente, a editora faz tiragens de 100 examplares, distribuídos em poucas livrarias escolhidas a dedo, e 10% do preço de capa pertence ao autor. O primeiro lote deve ficar pronto em até um ano e meio e se ficar encalhado não haverá um segundo lote. Parece pouco, mas deve dar para cobrir a quantidade de amigos que tenho e que se dispuseram a comprar o livro mesmo já tendo lido os textos extra-oficialmente.


Ainda no mesmo dia, já com o contrato assinado, me foi oferecida a antecipação da publicação da obra para ser veiculada na Bienal do Livro, onde eu poderia convidar os amigos para autografar os livros no stand da editora. A proposta não foi feita devido aos meus lindos olhos azuis, mas porque a antecipação dependeria da minha disposição em participar com uma cota de R$ 200,00 que ajudaria a editora com os custos da feira. Mais uma folha do talonário dedicada à literatura. Sinto-me praticamente um mecenas.

Consegui agendar uma entrevista com um editor da Nativa, Sr. Helio Conceição, no dia 29-Nov-01, às 13h30, no escritório da editora. Pelo telefone, ele me pediu que levasse uma cópia impressa do trabalho e pessoalmente ele me daria maiores detalhes sobre o projeto.


O editor me explicou como funcionam as coisas naquela editora. Trocando em miúdos, eu deveria deixar um cheque no valor de R$ 380,00 para cobrir as despesas de avaliação do trabalho. Caso a editora decidisse publicá-lo, o cheque seria descontado e nós assinaríamos um contrato. Caso contrário, o cheque seria devolvido e isso significaria que a editora teria declinado a publicação.


Resolvi que seria melhor investir alguma dinheiro para ver a obra publicada, uma vez que isso não aconteceria por outros meios. Deixei o cheque e aguardei um telefonema com o parecer da editora.

Em 2001, resolvi tentar de novo a sorte, agora com uma estratégia menos agressiva, mais "pé no chão". Através de um colega do curso de Italiano, o Bruno, consegui o contato de 3 editoras que publicam livros através do regime de co-participação com os custos. As editoras eram: Editora Nativa, Editora Olho D'água e Minas Editora.


A Editora Nativa foi a primeira que eu procurei e logo respondeu ao meu chamado, marcando uma entrevista com um de seus editores. Na revista Cult e no Estadão havia menções ao Projeto Caça-Talentos, da Editora Nativa, que estaria "garimpando novos talentos", iniciantes no ramo da literatura. Enfim, era uma luz no fim do túnel que me serviu de alento, muito embora eu saiba de longa data que as luzes no fim do túnel, em geral, são faróis de um trem desgovernado.

Ainda em 1995, dei o primeiro passo na tentativa de publicação do livro de crônicas. Foi um passo pequeno, tímido, quase sem sair do lugar. Enviei o livro por e-mail para algumas editoras que me vieram à mente: Objetiva, Companhia das Letras, L&PM, Globo, Nova Fronteira, Rocco, entre outras que agora não lembro.


A maioria das editoras declinou da publição logo após o recebimento do pedido. Algumas alegaram não publicarem contos e crônicas por acreditarem não ser uma linha editorial que ofereça retorno à empresa. Outras não quiseram nem receber o material para apreciação de uma junta de avaliação: já tinham mais contratos de publicação a cumprir do que capacidade produtiva.


Apenas duas editoras se propuseram a examinar o material: a Companhia das Letras e a Rocco. Destaque seja feito para esta última, que declarou somente receber originais para avaliação se acompanhados de cópia do comprovante de registro da obra junto à Fundação Biblioteca Nacional . Estariam, assim, salvaguardadas a obra do autor e a integridade da editora, que me proporcionou, através da exigência imposta, o descobrimento dos tortuosos caminhos para registro de obras intelectuais inéditas.


Depois da avaliação do material, nenhuma das duas editoras quis publicar o livro, alegando que já estavam com a capacidade produtiva comprometida. Na verdade, acredito ser uma resposta bem educada para não ter que dizer que não gostaram da obra ou que não acreditam que ela venha a dar retorno financeiro para a editora. No começo é difícil entender o raciocínio, mas depois acaba fazendo sentido. Você se conforma com o fato de que as editoras, como qualquer outra empresa, visam em primeiro lugar sua saúde financeira e posteriormente, se possível, cumprem sua missão de fomentadoras da literatura no país.

Resolvi escrever um livro de crônicas quando estava no terceiro ano da faculdade, em 1995. Não, não sou graduado em Letras, Jornalismo ou outra formação humanística. Fiz Engenharia Mecatrônica mas resolvi escrever assim mesmo, por mais bizarro que possa parecer a idéia de um engenheiro tentar fazer literatura. De qualquer modo, a parte mais simples do processo foi realmente a composição da obra. A dificuldade realmente surgiu quando comecei a tentar publicar essa compilação de textos.